sexta-feira, 30 de setembro de 2011

...

E um dia se atreveu a olhar pro alto
Tinha um céu, mas não era azul...


Há Tempos - Legião Urbana


Parece cocaína
Mas é só tristeza
Talvez tua cidade
Muitos temores nascem
Do cansaço e da solidão
Descompasso, desperdício
Herdeiros são agora
Da virtude que perdemos...
Há tempos tive um sonho
Não me lembro, não me lembro...
Tua tristeza é tão exata
E hoje o dia é tão bonito
Já estamos acostumados
A não termos mais nem isso...
Os sonhos vêm e os sonhos vão
E o resto é imperfeito...
Dissestes que se tua voz
Tivesse força igual
À imensa dor que sentes
Teu grito acordaria
Não só a tua casa
Mas a vizinhança inteira...
E há tempos
Nem os santos têm ao certo
A medida da maldade
E há tempos são os jovens
Que adoecem
E há tempos
O encanto está ausente
E há ferrugem nos sorrisos
Só o acaso estende os braços
A quem procura
Abrigo e proteção...

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Friedrich Nietzsche

O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte.


Cara Estranho-Los Hermanos


Olha só, que cara estranho que chegou
Parece não achar lugar
No corpo em que Deus lhe encarnou
Tropeça a cada quarteirão
Não mede a força que já tem
Exibe à frente o coração
Que não divide com ninguém
Tem tudo sempre às suas mãos
Mas leva a cruz um pouco além
Talhando feito um artesão
A imagem de um rapaz de bem
Olha ali, quem tá pedindo aprovação
Não sabe nem pra onde ir
Se alguém não aponta a direção
Periga nunca se encontrar
Será que ele vai perceber?
Que foge sempre do lugar
Deixando o ódio se esconder
Talvez se nunca mais tentar
Viver o cara da TV
Que vence a briga sem suar
E ganha aplausos sem querer
Faz parte desse jogo
Dizer ao mundo todo
Que só conhece o seu quinhão ruim
É simples desse jeito
Quando se encolhe o peito
E finge não haver competição
É a solução de quem não quer
Perder aquilo que já tem
E fecha a mão pro que há de vir.

Quando renunciamos aos nossos sonhos,...

 
Quando renunciamos aos nossos sonhos e encontramos a paz - disse ele depois de um tempo - temos um pequeno período de tranquilidade. Mas os sonhos mortos começam a apodrecer dentro de nós, e infestar todo o ambiente em que vivemos. Começamos a nos tornar cruéis com aqueles que nos cercam, e finalmente passamos a dirigir esta crueldade contra nós mesmos. Surgem as doenças e psicoses. O que queríamos evitar no combate - a decepçao e a derrota - passa a ser o único legado de nossa covardia. E, um belo dia, os sonhos mortos e apodrecidos tornam o ar difícil de respirar e passamos a desejar a morte, a morte que nos livrasse de nossas certezas, de nossas ocupaçoes, e daquela terrível paz das tardes de domingo.
(em O diário de um Mago)
Paulo Coelho

Clarice lispector

 
Sou os brinquedos que brinquei, as gírias que usei, os nervosos e felicidades que já passei. Sou minha praia preferida, Garopaba, Maresias, Ipanema, sou os amores que vivi, as conversas sérias que tive com meu pai: Eu sou o que me faz lembrar!!!

Sou a saudade que sinto, sou um sonho desfeito ao acaso, sou a infância que vivi, sou a dor de não ter dado certo, sou o sorriso por tudo que conquistei, sou a emoção de um trecho de livro, da cena de filme que me arrancou lágrimas: Eu sou o que me faz chorar!!!

Sou a raiva de não ter alcançado, sou a impotência diante das injustiças que não posso mudar, sou o desprezo pelo que os outros mentem, sou o desapontamento com o governo, o ódio que isso tudo dá. Sou o que eu remo, sou o que eu não desisto, sou o que eu luto, sou a indignação com o lixo jogado do carro, a ardência da revolta ao ver um animal abandonado: Eu sou o que me corrói!!!

Eu sou o que eu luto, o que consigo gerar através de minhas verdades, sou os direitos que tenho e os deveres a que me obrigo, sou a estrada por onde corro, sou o que ensino e, sobretudo, o que aprendo: Eu sou o que eu pleiteio!!!

Eu não sou da forma como me visto, não sou da forma como me comporto, não sou o que eu como, muito menos o que eu bebo. Não sou o que aparento ser: EU SOU O QUE NINGUÉM VÊ!!!

in Um Sopro de Vida

 Sou feliz na hora errada. Infeliz quando todos dançam. Me disseram que os aleijados se rejubilam assim como me disseram que os cegos se alegram. É que os infelizes se compensam.

Clarice Lispector

Um Sopro de Vida


Apesar de sagaz, não compreendo realmente o que está me acontecendo.

Clarice Lispector

Um Sopro de Vida

 
Eu antes era uma mulher que sabia distinguir as coisas quando as via. Mas agora cometi o erro grave de pensar.

Clarice Lispector

Um sopro de vida

"Não é que vivo em eterna mutação, com novas adaptações a meu renovado viver e nunca chego ao fim de cada um dos modos de existir. Vivo de esboços não acabados e vacilantes. Mas equilibro-me como posso, entre mim e eu, entre mim e os homens, entre mim e o Deus."

Clarice Lispector

in Um Sopro de Vida


...Tenho medo de estar viva porque quem tem vida um dia morre. E o mundo me violenta...

Clarice Lispector

Um sopro de vida


Oh chega de decepções, estou tão machucada, me doem a nuca, a boca, os tornozelos, fui chicoteada nos rins.
Clarice Lispector

A lucidez perigosa


Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.

Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.
Além do que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
- já me aconteceu antes.
Clarice Lispector

.Clarice Lispector.

"Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que quase me deixa exausta. Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo. Eu sei chorar toda encolhida abraçando as pernas. Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha a mim com corpo, alma, vísceras, e falta de ar..."

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

(Florbela Espanca)

O meu mundo n é cm o dos outros,kero d+, exijo d+...há em mim 1 sede d infinito,1 angústia constante q eu nem msma compreendo,pois estou longe d ser 1 pessoa;sou antes uma exaltada,c 1 alma intensa, violenta,atormentada,1 alma q n s sente bem onde está,q tem saudade…sei lá de quê!

(Florbela Espanca)

Estou cansada, kda vez + incompreendida e insatisfeita comigo,c a vida e c os outros. Diz-m, pq n nasci igual aos outros,sem dúvidas,sem desejos d impossível? E é isso q m traz sempre desvairada, incompatível c a vida q toda a gente vive.


OUSADIA


Apesar de todos os medos, escolho a ousadia.Apesar dos ferros, construo a dura liberdade.
Prefiro a loucura à realidade, e um par de asas tortas aos limites da comprovação e da segurança.
Eu, Taty Vertigo sou assim.
Pelo menos assim quero fazer: a que explode o ponto e arqueia a linha, e traça o contorno que ela mesma há de romper.
A máscara do Arlequim não serve apenas para o proteger quando espreita a vida, mas concede-lhe o espaço de a reinventar.
Desculpem, mas preciso lhes dizer:
EU quero o delírio.

Estabilização da doença Bipolar


 
COMO EVOLUI?
De que tipos de crises (acessos ou fases) sofrem as pessoas com Doença Bipolar? Com que frequência voltam a ter recorrências, a sofrer novas crises? Algumas pessoas têm um número igual de crises de euforia ou excitação irritável (mania) e de depressão. Outras têm principalmente crises de um tipo, de depressão ou de euforia. Em média, uma pessoa que sofre de Doença Bipolar tem quatro crises durante os primeiros 10 anos da doença. Embora possa haver um intervalo de anos entre duas ou três primeiras crises, a sua frequência é maior se não se fizer o tratamento estabilizador apropriado. As crises podem corresponder às mudanças de estação em padrões variáveis, no "rebentar" e no "cair" da folha, no Inverno e no Verão. Algumas pessoas têm crises frequentes ao longo do ano, por vezes, mesmo, ciclos ininterruptos de euforia e depressão. As primeiras crises podem ser desencadeadas por factores emocionais ou stress, mas à medida que a doença evolui, se a pessoa não fizer o tratamento estabilizador (preventivo), as crises podem surgir com maior frequência e sem factores precipitantes dignos de relevo.
As crises podem durar dias, meses ou mesmo anos. Em média, sem tratamento, as fases de mania e hipomania (euforia leve) duraram poucos meses, enquanto as depressões arrastam-se muitas vezes por mais de seis meses. Há designações especiais para cada forma de evolução da Doença Bipolar:
Bipolar I
A pessoa sofre crises de mania ou crises mistas(sintomas de depressão e mania misturados) e, quase sempre, também tem fases depressivas. As crises voltam a repetir-se excepto se fizer o tratamento preventivo.
Bipolar II
A pessoa tem crises depressivas graves e fases leves de elevação do humor (hipomania). As crises de elevação do humor podem não ser identificadas ou referidas porque o doente se sente "acima do normal" com muita energia e alegria, sem perturbações óbvias. Se o tratamento for só para a depressão, com uma medicação exclusivamente com antidepressivos, não se verifica uma estabilização, podendo surgir crises frequentes e uma viragem do humor.
Ciclos Rápidos
A pessoa tem pelo menos quatro crises por ano, em qualquer combinação de fases de mania, hipomania, mistas e depressivas. Corresponde a uma evolução que atinge entre 5 e 15% dos doentes com Doença Bipolar. Pode, em alguns casos, resultar de uma terapêutica demasiado intensiva e prolongada com antidepressivos, em vez da adequada terapêutica de estabilização do humor.
COMO SE TRATA A DOENÇA BIPOLAR?
Naturalmente, as indicações que aqui ficam são as essenciais para o reconhecimento da doença pelo doente e os familiares, mas não devem levar a minimizar o papel do médico psiquiatra, elemento chave no tratamento. Pelo contrário, o melhor conhecimento e reconhecimento da doença e dos aspectos gerais do tratamento visa permitir uma colaboração mais activa entre todos, doente, família, médico psiquiatra, médico de família e outros técnicos de saúde (enfermeiro, psicólogo, técnico de serviço social).
No tratamento da Doença Bipolar há que ter em conta, por um lado, as fases agudas e, por outro, a estratégia de prevenção das crises. Quando o doente sofre uma crise de depressão, de mania, hipomania, ou mista, precisa de ser tratado na fase aguda com a terapêutica apropriada antidepressiva, anti-maníaca ou antipsicótica, sendo necessária, em muitos casos, a hospitalização no período crítico. Depois de tratada a fase aguda e na continuidade do seu tratamento, inicia-se a terapêutica preventiva das crises para evitar que voltem a ocorrer. Para que o tratamento seja eficaz é necessária uma medicação (tanto para a fase aguda como para a estabilização da doença), acompanhada de uma educação do doente e dos familiares (sobre a doença, os medicamentos, a necessidade de aderir ao tratamento, modificação de hábitos nocivos). Pode ser benéfico um apoio psicológico para o doente e seus familiares (como lidar com os problemas e o stress, etc).
A MEDICAÇÃO?
Os medicamentos mais importantes no tratamento dos sintomas da Doença Bipolar são os estabilizadores do humor e os antidepressivos. Mas o médico pode ter necessidade de receitar outros medicamentos, como os antipsicóticos, os ansioliticos e os hipnóticos. Para a prevenção das crises e a estabilização da doença são essenciais os medicamentos designados, com toda a propriedade, estabilizadores do humor. É importante agora dar algumas informações sobre estes últimos medicamentos.
O QUE SÃO E QUAIS SÃO OS ESTABILIZADORES DE HUMOR?
Os medicamentos estabilizadores do humor são a base essencial da terapêutica preventiva das fases depressivas e eufóricas da Doença Bipolar. A sua descoberta e utilização revolucionou o tratamento da doença, permitindo a muitas pessoas o controle da Perturbação Bipolar através de uma prevenção das crises. A par desta acção terapêutica essencial, os estabilizadores do humor também são utilizados para o tratamento das crises de mania, hipomania e estados mistos e podem atenuar os sintomas de depressão.
Há, presentemente, três estabilizadores do humor comprovadamente eficazes:
  • O Lítio, comercializado, em Portugal, no medicamento Priadel;
  • O Valproato, comercializado nos medicamentos Diplexil R e Depakine;
  • A Carbamazepina (Tegretol).
Cada um destes três estabilizadores do humor tem diferentes acções químicas no organismo. Se um não for eficaz no tratamento ou tiver efeitos adversos persistentes o médico tem a possibilidade de escolher outro, ou de combinar dois em doses que permitam uma melhor tolerância e eficácia. Há análises para determinar o nível sanguíneo dos três estabilizadores do humor, permitindo o controle correcto da dose em cada doente.
Prevenção, eis a palavra-chave. Os estabilizadores do humor (lítio, valproato, carbamazepina) são a base de prevenção. Cerca de um terço das pessoas com Doença Bipolar ficam completamente livres de sintomas com a manutenção estabilizadora apropriada. A maioria das pessoas beneficia de uma grande redução no número e na gravidade das crises. O médico poderá ter de fazer um acerto da medicação ou uma outra combinação terapêutica caso se continuem a verificar crises de mania ou depressão. Caso a medicação não seja 100% eficaz, não fique desencorajado: a informação rápida do médico sobre sintomas de instabilidade é essencial para um ajustamento terapêutico que previna a eclosão de uma crise. O doente nunca deve recear informar o médico sobre quaisquer mudanças de sintomas, pois dessa informação precoce depende o controle da doença. Se sentir mudanças no sono, na energia (aumento ou diminuição), no humor (alegria excessiva, irritabilidade ou tristeza) e no seu comportamento e relações com pessoas, será melhor contactar com o médico sem demora.
A manutenção da medicação é outro aspecto essencial. Os medicamentos controlam, mas não curam a Doença Bipolar. Ao parar a medicação estabilizadora, mesmo depois de muitos anos sem crises, há um sério risco de uma recaída passadas algumas semanas ou meses. E, em alguns doentes, a retoma da medicação pode não se acompanhar dos mesmos bons resultados anteriores. A decisão de interromper a medicação caberá ao médico, em função de circunstância que a tal aconselham, como é o caso de uma gravidez. 

http://www.adeb.pt/saude_mental/bipolar/estabilizacao.htm

Como lidar com uma crise de elevação do humor




Há importantes factores a ter em conta:
  • O reconhecimento precoce dos sinais de crise;
  • Saber o que fazer quando a pessoa começa a sentir-se em crise.

Um “alto” ou um episódio de elevação do humor (mania/hipomania) afecta cada pessoa em velocidades variadas. Se exceptuarmos os casos de início muito rápido, é possível para as pessoas com Doença Bipolar (maníaco-depressiva) aprender a reconhecer os sinais de crise para agir de forma a reduzir a gravidade e impacto da crise. Se passar pela hipomania antes de entrar na verdadeira mania, tem uma grande vantagem pois este período de leve elevação do humor possibilita-lhe a adopção de estratégias de prevenção adequadas.

Reduzir os efeitos de um ponto alto
De uma forma geral aplicam-se os mesmos conselhos a situações de hipomania e de mania.

Estratégia de antecipação
Mantenha-se em contacto com o seu médico. Se aprendeu a reconhecer os sinais de crise pode discutir com ele os benefícios de uma automedicação de prevenção de crise e guardar uma reserva de medicamentos para este propósito (seguindo a indicação médica!).
Considere a hipótese de estabelecer um contrato com os seus amigos e familiares mais próximos acerca do que poderão fazer se acharem que está a entrar em crise.
Combine, para essa fase, entregar a algum deles o seu cartão de crédito e o livro de cheques.
Se tem a tendência de fazer grandes despesas em telefonemas, este problema deve ser discutido quando se encontra estável.

Se começar a entrar em euforia:
Consulte o seu médico o mais depressa possível para um ajustamento na medicação. Veja se deve parar algum medicamento antidepressivo que pode estar a precipitar ou a agravar a crise. Se já está a tomar um neuroléptico (antipsicótico), pode haver a necessidade de aumentar a respectiva dose. Se não estiver a tomar, poderá carecer dessa medicação, acrescentada à sua medicação de estabilização habitual com o Lítio, o Divalproato, a Carbamazepina, a Lamotrigina e a Olanzapina.
Evite situações que o possam excitar e criar-lhe problemas ou complicações, como saídas, festas, reuniões, contactos com muitas pessoas, trabalho. Canalize a sua energia para actividades mais tranquilas, que não estimulem e excitem, como escrever, pintar ou praticar exercício físico (com moderação).
Apesar de não ter vontade de descansar, necessita de o fazer. Pequenos períodos de repouso são muito positivos.
  • Escute os que lhe estão próximos – pergunte-lhes como o acham;
  • Não se esqueça de comer;
  • Obtenha ajuda quando necessita, para ir às compras, por exemplo;
  • Planeie o seu dia com o mínimo de actividades, e não ceda à tentação de acrescentar demasiadas tarefas;
  • Evite o café, o chá ou a coca-cola, pois são estimulantes;
  • Evite o álcool;
  • Não conduza.
Se a sua hiperactividade mental lhe produz dificuldades de concentração, faça uma lista das questões essenciais a não esquecer.
Certifique-se que as pessoas da sua lista de apoio sabem que está “acelerado” e que pode precisar de ajuda. Recorde-se de que falar durante longos períodos vai desgastá-lo a si, aos seus amigos, familiares e contactos profissionais. Uma nota escrita permite-lhe concentrar-se no essencial a dizer à pessoas. Decidir limitar previamente o tempo de uma conversa pode ser também útil.
Se está cheio de ideias brilhantes, passe-as a escrito. Verifique a lista depois de estar estabilizado e decida quais as que fazem ainda sentido.

Sinais para ficar em alerta, quando se está em subida
  • Aumento de actividade física como, por exemplo, as suas tarefas estarem todas feitas às 7h da manhã.
  • Mente hiperactiva, com aumento de intensidade de pensamentos ou emoções e uma maior rapidez verbal.
  • Dormir menos, acordando muito cedo, cheio de energia ou deitando-se muito tarde, sem saber quando parar.
  • Sentimentos de alegria, felicidade e excitação. Em algumas pessoas podem acompanhar-se de irritabilidade, medo, desconfiança ou paranóia (sentir que os outros estão contra si, o perseguem).
  • Sensações de vivência em uníssono com todas as pessoas, o mundo, e o universo.
  • Constante pressa com múltiplas tarefas ao mesmo tempo, sem conseguir terminar nenhuma.
  • Falar tão depressa que os outros não o conseguem acompanhar. Interrupção total ou quase total do discurso dos outros.
  • Manutenção de longas conversas, frequentemente divertidas e profundas, mesmo com estranhos. Passar horas ao telefone.
  • Esquecer-se de comer, por estar muito ocupado.
  • Subitamente tem muitas coisas para fazer, muitas pessoas para ver, muitos sítios onde ir, muitas ideias e planos, possivelmente acompanhados de esquemas ambiciosos para “fazer milhões” ou “salvar o mundo”.
  • Fazer coisas estranhas ao seu carácter, por exemplo, gastar muito dinheiro e agir de modo destravado no plano sexual.

Factores importantes a não esquecer sobre mania e hipomania
O estado psíquico é muitas vezes agradável, tão intensamente, que há grande relutância em reconhecer que se possa estar doente. Na fase de hipomania a pessoa sente-se muito bem, activa, produtiva, de tal modo que é difícil aceitar que está em evolução uma crise e que são necessárias medidas terapêuticas.
Pode reconhecer que está hipomaníaco, mas subestimar a gravidade da situação. Pode sentir-se confiante em que “desta” vez não vai cair numa crise grave de Mania. Devido ao seu estado psíquico pode não se importar em entrar em Mania.

Porque se tem de tomar medidas quando se está em hipomania?
As consequências para a sua vida e para as relações com as outras pessoas, como resultado dos seus actos na fase mais alta, ou mesmo, apenas em hipomania, podem ser dramáticas e muito prejudiciais. A euforia de uma fase de hipomania pode impedir uma consciencialização desses riscos.
A não ser que se tomem medidas adequadas, a crise pode evoluir para uma fase de Mania grave.
A viragem para a depressão segue-se muitas vezes à fase de Mania e é muitas vezes pior após uma fase grave de elevação.

LEIA COM ATENÇÃO, REPITA A LEITURA, DIALOGUE COM O MÉDICO, O ENFERMEIRO OU OUTRO TÉCNICO DE SAÚDE MENTAL, OUÇA A OPINIÃO E OS CONSELHOS DOS AMIGOS E DOS PRÓXIMOS OU CONTACTE A ADEB
http://www.adeb.pt/saude_mental/bipolar/elevacao_humor.htm

O QUE É A DOENÇA BIPOLAR?

1 - O QUE É A DOENÇA BIPOLAR?
(Doença Maníaco-Depressiva)
A Doença Bipolar, tradicionalmente designada Doença Maníaco-Depressiva, é uma doença psiquiátrica caracterizada por variações acentuadas do humor, com crises repetidas de depressão e «mania». Qualquer dos dois tipos de crise pode predominar numa mesma pessoa sendo a sua frequência bastante variável. As crises podem ser graves, moderadas ou leves.
As viragens do humor, num sentido ou noutro têm importante repercussão nas sensações, nas emoções, nas ideias e no comportamento da pessoa, com uma perda importante da saúde e da autonomia da personalidade.
2 - QUAIS SÃO OS SINTOMAS DA DOENÇA BIPOLAR?
(Definem-se os que caracterizam cada tipo de crise)
MANIA
O principal sintoma de «MANIA» é um estado de humor elevado e expansivo, eufórico ou irritável. Nas fases iniciais da crise a pessoa pode sentir-se mais alegre, sociável, activa, faladora, auto-confiante, inteligente e criativa. Com a elevação progressiva do humor e a aceleração psíquica.
DEPRESSÃO
O principal sintoma é um estado de humor de tristeza e desespero.

Por vezes o/a doente tem, durante a mesma crise, sintomas de depressão e de «mania», o que corresponde às crises MISTAS.

3 - QUANTO TEMPO DURA UMA CRISE?
Varia muito. A pessoa pode estar em fase maníaca ou depressiva durante alguns dias, ou durante vários meses. Os períodos de estabilidade entre as crises podem durar dias, meses ou anos. O tratamento adequado encurta a duração das crises e pode preveni-las.

4 - É POSSÍVEL PREVER AS CRISES?
Para algumas pessoas, sim. Umas terão uma ou duas crises durante toda a vida, outras pessoas recaem repetidas vezes em certas alturas do ano (caso não estejam tratadas!). Há doentes que têm mais do que 4 crises por ano (CICLOS RÁPIDOS).

5 - EM QUE IDADE SURGE A DOENÇA?
Pode começar em qualquer altura, durante ou depois da adolescência.

6 - QUANTAS PESSOAS SOFREM DA DOENÇA BIPOLAR (Maníaco-Depressiva)?
Aproximadamente 1% da população sofrem da doença, numa percentagem idêntica em ambos os sexos.

7 - QUAL A CAUSA DA DOENÇA?
Há vários factores que predispõem para a doença, mas o seu conhecimento ainda é incompleto.
Os factores genéticos e biológicos (na química do cérebro) têm um papel essencial entre as causas da doença, mas o tipo de personalidade e os stresses que a pessoa enfrenta desempenham também um papel relevante no desencadeamento das crises.

8 - DEPOIS DE UMA CRISE DE DEPRESSÃO OU MANIA
VOLTA-SE AO NORMAL?
Em geral, sim. No entanto, devido às consequências dramáticas que as crises podem ter, no plano social, familiar e individual, a vida da pessoa complica-se e perturba-se muito, restringindo de forma marcante a sua capacidade de adaptação e autonomia.
O tratamento adequado para a prevenção das crises (se são graves e/ou frequentes) é essencial para evitar os muitos riscos inerentes à doença.

9 - HÁ TRATAMENTO PARA AS CRISES E PARA A DOENÇA BIPOLAR?
Não há nenhum tratamento que cure a doença por completo. No entanto, há grandes possibilidades de controlar a doença, através de medicamentos estabilizadores do humor, cuja acção terapêutica diminui muito a probabilidade de recaídas, tanto das crises de depressão como de «mania». Os estabilizadores do humor são a Olanzapina, a Lamotrigina, o Valproato, Carbonato de Lítio, Quetiapina, Carbamazepina, Risperidona e Ziprasidona.
As crises depressivas tratam-se com medicamentos ANTIDEPRESSIVOS ou, em casos resistentes, a elecroconvulsivoterapia. As crises de mania tratam-se com os estabilizadores do humor atrás referidos e com os medicamentos neurolépticos ANTIPSICÓTICOS.
Naturalmente, o apoio psicológico individual e familiar é um complemento indispensável para o tratamento.
As crises graves obrigam a tratamento hospitalar em muitos casos.

10 - PORQUE É TÃO IMPORTANTE A CONSCIENCIALIZAÇÃO DOS DOENTES, DOS FAMILIARES E DE OUTRAS PESSOAS SOBRE A DOENÇA BIPOLAR?
A noção de doença mental na opinião pública é, em geral, muito confusa e pouco correcta. Verifica-se uma tendência para considerar negativamente as pessoas que sofrem de doenças psiquiátricas e é frequente a ideia de que as doenças mentais são qualitativamente diferentes das outras doenças. É muito comum imaginar que há uma «doença mental» única («a doença mental»), atribuindo às pessoas que tenham sofrido crises, um prognóstico negativo de incurabilidade, aferido erradamente pelos casos de doentes mentais mais graves e crónicos. Por vezes o diagnóstico médico das diferentes doenças psiquiátricas não se faz na altura própria, por variadas razões, e isso acontece, com alguma frequência, na Doença Bipolar.
O conhecimento, mesmo que simplificado, das características da Doença Bipolar facilita a seu reconhecimento aos próprios (que a sofrem) e aos outros, possibilitando uma maior ajuda a muitas pessoas que carecem de um tratamento médico adequado e de uma solidária compreensão humana.

http://www.adeb.pt/saude_mental/bipolar/o_que_e_bipolar.htm

domingo, 25 de setembro de 2011

O LÍTIO E A BIPOLARIDADE


O LÍTIO E A DOENÇA BIPOLAR

UM GUIA

Apresentação

Este texto destina-se principalmente às pessoas que estão a ser tratadas com LÍTIO, aos que possam vir a necessitar desse tratamento, aos seus familiares e amigos. Mas, certamente, a informação científica que contém será muito útil para os médicos e outros técnicos de saúde, na área da psiquiatria e da medicina em geral.
Um medicamento comprovadamente eficaz na prevenção de uma doença psíquica recorrente, caracterizada pela repetição de crises depressivas com grande sofrimento e risco, e de crises eufóricas, que podem ser seriamente comprometedoras para as pessoas atingidas, é uma arma terapêutica de primeira linha, quando bem utilizada. Ora, está provado que, de um modo geral, a educação do paciente e dos familiares é uma condição essencial para uma boa prática médica, garantindo uma consciente adesão ao tratamento e os necessários cuidados a ter.
O rótulo de “doença mental”, como algo estranho, essencialmente negativo e diferente das outras doenças, ainda pesa, e de que maneira, na opinião de muita gente, mesmo dos instruídos em outras matérias. Desmistificar preconceitos enraizados, exige uma psiquiatria exercida com maior eficácia, impossível sem uma consciência esclarecida dos cidadãos doentes, dos familiares e amigos e de todos os que se interessam pelo ser humano em crise, num espírito de salutar optimismo científico humanista.
O que é o lítio? Como é que é usado no tratamento da doença Bipolar? Como se inicia e prossegue a terapêutica? Quais os efeitos colaterais que podem ocorrer e como resolvê-los? O leitor encontrará as respostas neste texto, cuja função é educar para a saúde numa perspectiva médica global.
Cumpre-nos agradecer a autorização da edição em português, concedida pela Dean Foundation / Lithium Information Center (Madison-Wisconsin).
A Direcção da ADEB
(Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares)

O que é o Lítio

O lítio é um elemento simples que se encontra na natureza.
Visto existir, no seu estado normal, em pequenas quantidades na comida e na água, o lítio encontra-se no corpo humano. Estes vestígios, contudo, não têm expressão. Algumas rochas têm um alto teor de lítio e são estas as fontes de quase todo o lítio utilizado na indústria e na medicina.
Não obstante as propriedades do lítio serem conhecidas há mais de uma centena de anos, a sua utilização na medicina moderna apenas começou em 1949. Quando utilizado como medicamento, o lítio é tomado por via oral em forma de comprimidos ou cápsulas e, por vezes, em xarope. É comercializado quer na sua forma «standard», quer como preparado de «libertação controlada». Em ambos os casos necessita de receita médica.
Em PORTUGAL, os comprimidos de PRIADEL (nome comercial), contêm 400 miligramas de lítio sobre a forma de carbonato, havendo, no entanto, preparados com 300 miligramas, em cápsulas hospitalares.

O Lítio e a doença Bipolar

Para que é que o lítio é utilizado?
O lítio é eficaz no controlo de algumas doenças mentais e estados emocionais caracterizados por grandes e frequentes alterações de humor, muito incapacitantes. Tais perturbações são conhecidas em linguagem médica como Doença Bipolar, Doença Bipolar ou Perturbação do Humor Bipolar. A maioria das pessoas afectadas pela perturbação Bipolar sofrem de episódios recorrentes quer de Mania, quer de Depressão.
Em alguns casos, pode acontecer apenas uma crise ou algumas e nunca mais se repetirem. As pessoas que sofrem apenas de crises periódicas de mania (sem depressão), são consideradas também como Bipolares.
Aqueles que experimentam apenas crises episódicas de depressão, têm contudo, uma doença designada por Depressão Major ou Perturbação Unipolar, a qual se distingue da perturbação Bipolar.
A Mania caracteriza-se pela mudança de humor do estado normal para um estado extremo de hiperactividade e frequentemente acompanhado de sentimentos de elevação, grandeza e euforia—um estado descrito como estar-se no «topo do mundo». Durante um episódio maníaco pode-se dormir muito pouco, falar muito, rápida e continuadamente, gastar pouco tempo com as refeições, mostrar marcada irascibilidade e impaciência e terem-se pensamentos rápidos, precipitados.
Muitas vezes o estado maníaco evolui até ao ponto em que o bom senso diminui e o contacto com a realidade se perde.
Pode tornar-se difícil compreender o que uma pessoa está a dizer. Por vezes, decisões tomadas precipitadamente resultam de impulsos, e levam a esbanjamentos financeiros, excessos sociais ou profissionais, com consequências legais que podem envolver não só o próprio mas a sua família e, porventura, os outros. A hospitalização pode ser necessária nestes casos.
A DEPRESSÃO é um estado em que o humor muda até ao ponto de se ficar muito em baixo, acabrunhado, sem ânimo, desesperado. Verificam-se alterações no sono, falta de apetite, perda de interesse sexual, falta de energias, excesso de preocupações, perda de interesse pelas coisas, impossibilidade em conseguir prazer e dificuldades respeitantes à concentração e à memória. O cumprimento de tarefas diárias, tais como ir para o trabalho, tornam-se difíceis ou impossíveis. Pessoas em estado de depressão, muitas vezes pensam no suicídio e, por vezes, suicidam-se. A hospitalização poderá ser necessária.
Tendo em consideração o que acima se diz, deve-se entender bem claramente, que a mania e a depressão são transtornos clínicos graves e não se devem confundir com as normais variações do humor, tais como estar-se com «boa ou má disposição», situações que a todos ocorrem normalmente, de tempos a tempos.
Não obstante ser o lítio utilizado principalmente no tratamento de doença Bipolar, os investigadores continuam a estudar novas utilizações para o medicamento. Mostra-se uma promessa para o tratamento de uma diversidade de doenças, incluindo situações de depressão não associadas com a doença Bipolar.

Qual a frequência da mania e da depressão?

Esta calculado que, pelo menos, cinco em cada 1000 pessoas ( 0.5 por cento) sofrem de qualquer forma  de doença Bipolar durante a vida.
Mas visto que a depressão também ocorre em situações distintas da doença Bipolar, calcula-se que sejam de 150 em cada 1000 pessoas ( 15 por cento ) aquelas que sofrem pelo menos uma Depressão grave durante a sua existência.

A doença Bipolar é hereditária?

 Estudos relacionados com a família, gémeos e casos de adopção, mostram que a genética e os factores hereditários desempenham um papel importante nas perturbações Bipolares. Por exemplo, parentes de alguém sofrendo da doença têm maior propensão para contraírem a mesma do que qualquer outra pessoa.
Os factores hereditários não são, contudo, evidenciados nas famílias de todas as pessoas que sofrem da doença e, mesmo quando presentes, os tipos de transmissão genética não estão bem definidos. Concluindo, não é possível prever-se, com exactidão, qual o risco de contrair a doença para um indivíduo que tenha um parente sofrendo de doença Bipolar.

O lítio cura a perturbação Bipolar?

Não existe presentemente cura para a perturbação Bipolar, e as suas causas permanecem ainda um mistério.
Para as pessoas que sofrem alterações frequentes do humor motivadas pela doença Bipolar, o lítio pode ser uma ajuda, e de duas maneiras:
  1. Interromper uma crise aguda.
O lítio pode auxiliar uma pessoa a sair do estado de mania e voltar ao seu estado normal. (O lítio pode, do mesmo modo, ser eficaz em alguns casos de depressão aguda)
  1. Prevenir novas crises
O lítio pode contribuir para a prevenção de episódios de mania e de depressão, impedindo a sua recorrência.
O facto de o lítio actuar mais como controlo do que como cura da doença Bipolar é importante. Significa que, se as pessoas deixarem de tomar o lítio, os episódios maníacos e depressivos podem voltar a surgir com uma significativa probabilidade. Controlar uma doença com um medicamento especifico é, no presente, uma prática comum na medicina. Um exemplo bem conhecido é o da insulina para o controlo de certas formas de diabetes. A insulina não cura a doença existente, a diabetes, mas ajuda a controlar os sintomas, fazendo com que o diabético seja capaz de viver uma vida normal. Se parar a insulina, os sintomas da doença voltam a aparecer. Não obstante a insulina ajudar a controlar muitos dos sintomas e efeitos nocivos da doença, a diabetes, em si, continua presente.
Outros exemplos de doenças que se podem controlar através de medicamentos são a tensão arterial elevada, a insuficiência cardíaca e o reumatismo.
Muitas pessoas com a doença Bipolar apresentam episódios frequentes de mania e depressão antes de iniciarem o tratamento com lítio. Se pararem de tomar o lítio, quase com toda a certeza, voltam a ter, de novo, frequentes episódios. A doença Bipolar já não estará controlada.
Contudo algumas pessoas com doença Bipolar têm episódios raros de mania e/ou depressão, algumas vezes com anos de intervalo. Outras têm um só ou alguns episódios sem mais recorrências. A razão de isto assim acontecer é tão misteriosa como a causa da própria doença.
Quando as crises são raras, o uso contínuo de lítio é desnecessário.
No entanto, visto que a evolução da doença é difícil de prever, é muito importante que os doentes discutam a possibilidade de futuras crises maníacas ou depressivas com o seu Médico antes de se decidirem a parar com o tratamento de lítio.

O lítio contribui para voltar a ter uma vida normal?

Embora o lítio ajude a evitar os sintomas da perturbação Bipolar, não é uma cura total. Não obstante poder prevenir futuras oscilações de humor, os problemas pessoais de anteriores crises podem continuar a existir.
Os problemas da vida relacionados com a perturbação Bipolar não serão obviamente resolvidos com a ajuda do lítio. A psicoterapia bem como outras formas de aconselhamento podem ser úteis para a solução de tais dificuldades.

Como se pode saber se o lítio está a actuar adequadamente?
O lítio está a actuar adequadamente se controlar efectivamente as oscilações do humor, produzindo poucos ou nenhuns efeitos colaterais.
Se alguém a tomar o lítio tiver uma nova crise maníaca ou depressiva, quer isso dizer que o lítio não está a actuar?
Não necessariamente. A finalidade do lítio é prevenir cabalmente a ocorrência de oscilações de humor. No entanto, uma resposta parcial ao lítio não é rara. Os episódios recorrem, mas passam a ser habitualmente menos graves, menos frequentes, e podem desaparecer por completo com o uso continuado do lítio. Em alguns casos, pode levar-se até dois anos para a terapia com base no lítio conseguir controlar as oscilações de humor. Embora nem todos respondam ao lítio, dada a demora na resposta positiva, é essencial que o tratamento não seja interrompido antes de o medicamento ter tido oportunidade para actuar convenientemente.
Se ocorrer uma crise enquanto se estiver a tomar lítio, o Médico assistente deve ser imediatamente contactado. Por vezes, um ajustamento temporário na dose do lítio é tudo o que é necessário. Noutros casos, a utilização de um medicamento adicional pode ser necessária temporariamente ou de modo continuado.

O que se sente ao ser-se tratado com o lítio para uma perturbação Bipolar?
Para a maioria dos doentes, o tratamento da perturbação Bipolar leva a uma vida menos caótica e mais agradável. Alguns, no entanto, podem achar que o tratamento causa sentimentos confusos. Por vezes os doentes sentem dificuldade em aceitar que têm uma doença crónica a qual pode tornar necessário um tratamento para toda a vida.
Outros doentes acham que deveriam usar a sua «força de vontade» para ser como toda a gente. Por vezes sentem que o facto de serem tratados vai fazer com que outras pessoas os estigmatizem, como sendo «maluco» ou «doentes mentais crónicos» (e, infelizmente, isso é verdade por vezes). É difícil, muitas vezes, para os doentes explicar ás pessoas que o seu problema é uma doença como as outras, e não o resultado da culpa de alguém.
Alguns doentes sentem a falta de alguns fenómenos agradáveis, dos seus episódios maníacos, não gostam de tomar medicamentos quando se sentem saudáveis, ou suportam mal tomar medicamentos por causa dos efeitos colaterais.
A discussão de ideias e vivências como estas, com os familiares, os amigos e com o Médico, é importante. Tal como o que se passa com qualquer doença , o tratamento  bem sucedido de uma perturbação Bipolar é algo mais do que tomar apenas um comprimido. Os doentes devem ser encorajados a aprender o mais que puderem acerca da sua doença e do tratamento, para que possam ter uma vida mais produtiva e satisfatória.

Como é que o lítio actua?    

Supõe-se estarem na base da perturbação Bipolar desequilíbrios químicos em certas células cerebrais relacionadas com as emoções e o comportamento. Os peritos pensam que o lítio pode actuar como um meio de corrigir estes desequilíbrios e, portanto, estabilizar o humor.
Visto que o lítio se apresenta em pequenas quantidades no corpo humano, as pessoas pensam por vezes que o lítio funcionaria repondo os níveis normais nas pessoas que, de algum modo, estivessem «esvaziados» do lítio. Embora atraente esta explicação é incorrecta e a perturbação Bipolar não é causada pela de lítio. De facto, durante o tratamento, os níveis de lítio são muitas centenas de vezes mais elevadas, do que ocorre naturalmente no corpo. A experiência tem demonstrado que a cuidadosa utilização do lítio pode prevenir futuros episódios de alteração do humor em muitas pessoas que sofrem de perturbações Bipolar. Se porventura ocorrem enquanto o lítio está a ser tomado, tendem a ser menos graves.
Embora o lítio estabilize o humor numa perturbação Bipolar, os doentes continuam a ter reacções emocionais normais e experimentam pouca ou nenhuma interferência na actividade mental e física.
Por causa destas características, o lítio é frequentemente mais bem tolerado do que os outros medicamentos destinados ao tratamento da mania e da depressão.

Como é que o lítio se comporta no corpo?   

Quando tomado por via oral, o lítio é bem absorvido, entrando na corrente sanguínea que o transporta a todos os tecidos do corpo incluindo o cérebro. O lítio é eliminado do corpo quase inteiramente pelos rins e excretado pela urina. O sódio, que faz parte da mesma família química do lítio, é excretado pelos rins duma maneira que afecta a eliminação do lítio. Por causa desta correlação, a certeza de que o corpo tem um nível de sódio correcto ajudará a termos a garantia de que o nível certo do lítio é do mesmo modo conseguido. Como o sal na comida é a maior fonte de sódio, uma pessoa que tome o lítio tem que ter a certeza de tomar uma quantidade adequada, mas não excessiva de sal.

Qual a rapidez com que o lítio actua?

É importante saber-se que o lítio pode não fazer efeito imediatamente. Não obstante algumas pessoas se sentirem melhores logo que começam a tomar o lítio, muitas melhoram mais gradualmente.
Pode levar de uma a várias semanas antes de se verificarem as melhoras e a sua consolidação ocorre gradual e progressivamente.
É prática corrente o Médico prescrever medicamentos adicionais para uma terapia imediata, até o lítio se tornar eficaz. Uma vez que o lítio demora a actuar, é importante ter-se paciência quando se inicia o tratamento à base de lítio. O conhecimento deste atraso deve ajudar a evitar o desencorajamento e «o desistir demasiado cedo».


O INÍCIO DO TRATAMENTO COM LÍTIO

O que é que o seu Médico precisa de saber antes de lhe prescrever o lítio?
Alguma da informação que o seu Médico vai necessitar inclui:

A sua história clínica

Tem algum outro problema de saúde? Por exemplo, podem-lhe perguntar se sofre de alguma doença cardíaca, da tiróide, doença renal ou epilepsia. Qualquer outra doença de que sofra pode ser importante, deste modo certifique-se que está a dar ao Médico uma lista pormenorizada. Há história de doença psiquiátrica na sua família, em especial mania ou depressão? Qualquer medicamento que esteja a tomar pode ser importante por exemplo, está a tomar medicamentos para a asma, a hipertensão, ou a retenção de líquidos (edema)? Qualquer outro medicamento que tome pode ter importância. Informe o seu Médico de todos os que utiliza (incluindo aqueles que não necessitam de receita médica).

A sua alimentação habitual

Bebe grandes quantidades de café ou chá? Que quantidade de bebidas alcoólicas normalmente consome? Está a fazer alguma dieta com redução de sal? Pensa iniciar qualquer tipo de alimentação especial no futuro?

O seu trabalho e actividades

É necessário para a execução do seu trabalho realizar tarefas delicadas com as mãos? (Por vezes, o lítio causa tremores.) Necessita de lidar com máquinas perigosas ou conduz um automóvel? (Por vezes, o lítio prejudica a coordenação.)

Uma nota especial para as senhoras

Está grávida? Há possibilidade de engravidar enquanto estiver a tomar o lítio? Está ou pensa vir a dar o peito ao seu bebé? (O lítio pode ser prejudicial para o recém-nascido ou para crianças amamentadas ao peito.)
Os itens acima descritos NÃO SÃO completos, apenas servem para dar uma ideia acerca daquilo que o seu Médico quererá ter conhecimento antes de iniciar a terapêutica.
O factor principal é informar o seu Médico de tudo o que se passa com a sua saúde, que medicamentos toma, Tc..., mesmo no caso de se estar a tratar com diversos Médicos. Caso não tenha a certeza se determinadas questões devem ser referidas, faça menção delas e deixe ao seu Médico a decisão da sua importância em relação ao tratamento. Sem esta informação o seu Médico poderá ter dificuldades em tratá-lo com eficiência e segurança.

O lítio é prejudicial durante a gravidez?

A experiência demonstra que as mulheres que tomam o lítio nos primeiros três meses de gravidez podem ter um risco aumentado de darem à luz bebés com certas anormalidades (especialmente relacionados com o coração e artérias). Embora este risco se afigure bastante pequeno, é ainda suficientemente grave para o lítio ser retirado durante pelo menos os primeiros três meses de gravidez. Visto que os factores individuais variam, os futuros pais devem discutir os aspectos referentes ao lítio e gravidez com o seu Médico, antes de decidirem a concepção. Não há efeitos prejudiciais conhecidos produzidos pelo lítio em cujos pais estavam a tomar lítio na altura da concepção ou em crianças cujas mães estivessem a tomá-lo antes, mas não durante a gravidez. No caso de o lítio ser tomado durante a gravidez, uma atenção muito especial deve prestar-se em relação à does tomada e aos níveis de lítio no sangue, uma vez que a maneira como o corpo assimila o lítio pode variar consideravelmente durante esse período.
Deve interromper-se, temporariamente, a toma de lítio, imediatamente antes do parto para que se possam minimizar os efeitos colaterais no recém-nascido, reiniciando o tratamento o mais rapidamente possível a fim de reduzir o risco de mania ou depressão na mãe. Uma vez que o lítio é excretado no leite, a amamentação deve ser desaconselhada no caso da mãe estar a tomar o lítio

São necessários testes laboratoriais antes de se iniciar o tratamento com o lítio?

Certos testes laboratoriais são necessários antes de se começar o lítio, de modo que nos certifiquemos que é seguro e fornecer-nos as linhas básicas de como estão a ser afectados os sistemas sobre os quais o lítio actua. O tipo e o número de testes variam em função da situação clínica do doente e da preferência do Médico, sendo a avaliação da função renal essencial. Isto, porque o lítio é eliminado através da urina e também porque o lítio pode causar alterações ao funcionamento dos rins. Um teste à tiróide é também importante, visto que a hiperactividade ou hipoactividade da glândula podem causar sintomas psiquiátricos semelhantes à mania ou à depressão, e também porque o lítio pode produzir perturbações no funcionamento da glândula tiroideia.

Como é que se deve tomar o lítio?

Um Médico familiarizado com o uso do lítio é a ajuda essencial para se determinar qual a quantidade e qual a frequência de tomas do lítio. Uma vez que a dosagem correcta varia de indivíduo para indivíduo, é aconselhável aos doentes seguirem as indicações da prescrição. Não devem nunca hesitar em perguntar ao seu Médico qualquer questão relacionada com as indicações das doses.
O lítio é normalmente tomado em doses repartidas durante o dia, habitualmente duas ou três vezes ao dia. Embora possa haver razões especiais para uma dosagem mais frequente, normalmente não é necessário. Tomar-se uma dose de lítio uma vez por dia pode ser possível ou desaconselhável em certas circunstâncias.
Tomar o lítio com a regularidade prescrita é importante, e devem encontrar-se maneiras para evitar o esquecimento das tomas e/ou dosagens extras. Tomar menos que o receitado pode não ser suficiente, enquanto que tomar mais pode ter efeitos colaterais.
Um doseador de comprimidos concebido para contar a dose da semana, dividido por dias, ajudará a resolver estes problemas.
De modo a precaver-se de qualquer interrupção no tratamento, deve-se contactar o Médico para arranjar uma receita de reserva para dar continuidade, antes que se esgote o medicamento.
A experiência tem demonstrado que os doentes podem esquecer o seu tratamento com lítio sempre que se sentem melhores e, frequentemente, não conseguem o tratamento ou param simplesmente de tomar o lítio.
Procedendo deste modo privam-se do «seguro protector», que o lítio proporciona contra futuros casos graves de transtornos do humor.
Muitos preferem tomar o medicamento às refeições, o que não só os faz lembrar como também os ajuda a evitar o enjoo que pode surgir se ele for tomado com o estômago vazio. Não é contudo necessário que o lítio seja tomado com a comida. É também importante manter-se uma quantidade suficiente de sal na alimentação, enquanto se tomar lítio. Para a maioria das pessoas isto não corresponde a uma alteração dos hábitos alimentares uma vez que a alimentação normal contém em média o sal suficiente. Embora não haja necessidade de usar sal em excesso, a restrição ao sal deve ser evitada a não ser que cuidadosamente controlada pelo Médico (a intoxicação pelo lítio pode ocorrer). Finalmente, e uma vez que o equilíbrio do sal e da água andam de mãos dadas, é uma boa norma para aqueles que tomam lítio beberem pelo menos de 1 a 1,5 litros de água ou outros líquidos por dia (a não ser que indicações em contrário tenham sido dadas pelo Médico).

Porque é que são necessárias as análises de lítio ao sangue?

Um teste de lítio no sangue pode também chamar-se em «nível de lítio» ou «nível de lítio no plasma». Este teste é importante porque permite ao Médico controlar a quantidade de lítio existente na corrente sanguínea, o que é um bom indicador da quantidade de lítio presente em todos os tecidos do corpo. Pouco lítio não se torna eficaz na estabilização das oscilações de humor, enquanto que demasiado lítio pode conduzir a efeitos indesejáveis e, por vezes sérios efeitos colaterais.
Deste modo um teste do lítio no sangue ajuda de duas formas: assegurara que dose de lítio é eficaz, e assegurar que a dose de lítio é segura.
Um nível de lítio que é, ao mesmo tempo, seguro e eficaz é chamado «nível terapêutico». Níveis terapêuticos mais elevados podem ser necessários para tratar casos críticos. Este nível varia de pessoa para pessoa mas, normalmente, situa-se entre 0,8-1,2 milequivalentes por litro (mEq/L) para situações graves e 0,6 mEq/L em utilização preventiva. Muitas pessoas sentem-se bem com níveis entre 0,6-0,8 mEq/L e outras entre  0,4-0,6 mEq/L. Em níveis mais elevados do que os terapêuticos, é pouco provável que o lítio seja mais eficaz, mas pode começar a causar mais efeitos colaterais. Aqueles que tomam o lítio deverão perguntar aos seus  Médicos quais são os seus níveis de lítio e a maneira com interpretá-los. É bom que se recorde que o nível de lítio no sangue não é o único indicados usado pelo Médico para determinar a dose correcta de lítio. O guia mais importante para a dose correcta é saber-se como é que a pessoa  que toma o lítio se sente e reage. Por vezes as pessoas admiram-se com o facto de a terapia com lítio requerer exames de sangue, enquanto o tratamento com outros medicamentos (aspirina, penicilina, comprimidos para a gripe, por exemplo) não requerem. Existem diversas razões para tal. A primeira, é o facto do lítio ser um dos poucos medicamentos que pode ser medido no sangue de maneira correcta, simples e a baixo custo; a segunda é o facto do organismo das pessoas reagir para a corrente sanguínea, distribuição nos tecidos dos corpos, e eliminação pelo rins. Deste modo, a mesmo dose oral de lítio pode produzir distintos níveis sanguíneos em diferentes pessoas.
Finalmente, o lítio difere de muitos outros medicamentos, pois a quantidade necessária para ser eficaz é próxima daquela que pode produzir intoxicação.

Com que frequência é necessário fazer-se uma análise ao sangue?

As análises de sangue são mais necessárias quando se inicia uma terapia com lítio ou quando a dose estiver a ser ajustada, do que quando as condições já estiverem estabilizadas.
Quando se inicia o tratamento, fazem-se análises com bastante frequência, pelo menos uma vez por semana. Uma vez que os níveis de sangue estejam estabilizados a medição pode ser necessária apenas mensalmente ou ainda com menor frequência, conforme for determinado pelo Médico.
Como complemento aos exames de ajuste iniciais e regulares de manutenção, um médico pode requerer uma análise sempre que um doente mostre indícios de que a quantidade de lítio no sangue possa desviar dos limites terapêuticos. Estes compreendem:
  1. Um regresso dos sinais da perturbação Bipolar indicando que o nível de lítio pode estar demasiado baixo ou,
  2. Um aumento dos efeitos colaterais, indicando o nível pode estar demasiado alto.
Conforme a situação, o Médico pode alterar a dose de lítio sem esperar que a análise ao sangue seja realizada.
Se a dose for alterada, uma nova análise será feita, poucos dias depois, com o fim de assegurar que se está dentro dos níveis terapêuticos. Embora estes testes possam parecer uma inconveniência eles ajudam a garantir que o tratamento com lítio não é prejudicial e é eficaz. Assim, quem toma o lítio não deverá perder nenhuma oportunidade de verificar os seus níveis sanguíneos.

Que preparação é necessária antes da análise de lítio no sangue?

Antes de fazer a análise de lítio ao sangue:

1 - certifique-se que não se esqueceu  de tomar as doses de lítio nos últimos dias,
2 - certifique-se que a análise ao sangue é feita de manhã tanto quanto possível nas doze horas imediatamente após a última dose de lítio.

Desde que estes dois pontos sejam seguidos, as análises de lítio no sangue fornecerão ao Médico elementos precisos para o estabelecimento e ajuste das doses.
Nos trabalhos científicos que estabeleceram os níveis terapêuticos e tóxicos do lítio, as colheitas foram feitas doze horas após a última dose de lítio.
Uma colheita efectuada apenas umas horas após uma dose poderá dar uma falsa leitura alta antes do lítio se distribuir pelos tecidos. Uma análise feita muito além das doze horas poderá ser falsamente baixa, devido às quantidades adicionais de lítio que poderão ter sido eliminadas do corpo. Uma análise ao sangue é feita normalmente de manhã, sendo a primeira dose de lítio tomada depois da colheita de sangue. A última dose de lítio relacionada com a noite anterior é tomada de modo a respeitarem-se as necessárias 12 horas entre a dose e a análise. Pode-se tomar o pequeno-almoço no dia da análise, uma vez que a comida não vai interferir com os resultados desta. No caso de pessoas marcadas para análises ao sangue, que:
  1. Se esqueçam de tomar a dose normal durante vários dias antes da análise ou,
  2. Se esqueçam de adiar a ingestão da dose matinal para depois da análise,
O Médico deve ser avisado e a análise ser marcada de novo. Caso contrário, o resultado pode ser falseado e levar a alterações de dose prejudiciais.

Porque é que o sal e a água são tão importantes para quem toma o lítio?

Sal

Se o corpo de vir privado de sal, os rins eliminarão o lítio de um modo mais lento e o seu nível no sangue aumentará.
Um regime alimentar com redução de sódio ou sal ( sal é cloreto de sódio) pode ser aconselhável como fazendo parte de um programa para perder peso ou no tratamento da hipertensão ou da insuficiência cardíaca. Se isto acontecer, sem um correcto reajustamento da dose de lítio, este pode elevar-se para níveis perigosos. Se o sal desaparecer do corpo e não for reposto, os níveis de lítio aumentarão. Isto pode acontecer pelo uso de diuréticos ou por uma sudação excessiva.

Água

Se o corpo tiver falta de água (desidratação), o lítio tornar-se-á mais concentrado e os rins eliminam-no mais lentamente.
Qualquer destes factores pode acusar aumentos perigosos no nível de lítio. A desidratação pode ser provocada pela diminuição dos líquidos ingeridos ou pela perda excessiva (aumento de urina, suor, diarreia ou vómitos).
Uma vez que o aumento de urina (o que resulta num aumento de sede) é um efeito colateral frequente no tratamento com o lítio , alguns doentes entendem incorrectamente que o aumento de urina é causado pelo aumento de líquidos que tomam, tentando alguns «tratar» o aumento da urina, limitando a ingestão de líquidos. Isto é incorrecto e perigoso. Realmente, o lítio causa o aumento de fluxo de urina devido aos seus efeitos nos rins. O aumento da sede é a protecção natural contra a perda excessiva de líquidos (desidratação).
Fornecer ao organismo os montantes correctos de sal e água é um aspecto muito importante no tratamento do lítio. Seguidamente forneceremos algumas normas a ter em conta:

Para se manter o equilíbrio em água

Beba pelo menos 1 litro de líquidos por dia. No caso do lítio ocasionar um aumento elevado de quantidade/volumetria de urina, deve por isso a ingestão de líquidos ser suficiente a fim de se repor tudo o que perde. Evite quantidades excessivas de8 café, chá ou bebidas com cola que contêm cafeína. A cafeína estimula a perda de água ( e agrava também o tremor causado pelo lítio)
Para se manter o equilíbrio em sal.
Coma a comida que contenha uma quantidade média de sal.

Para se evitar uma alimentação muito pobre em sal ou em água. Informe o seu Médico antes de iniciar qualquer novo tipo de alimentação (especialmente quando contenha  pouco sal).


Para se evitar perda quer de sal quer de água. Tenha bastante cuidado com situações que possam causar sudação excessiva tais como tempo quente, sauna, exercícios pesados, febre, etc.
Para se evitar combinações perigosas de medicamentos.
Diga ao seu Médico todo e qualquer medicamento que esteja a tomar, especialmente diuréticos (comprimidos usados para a hipertensão e libertar o corpo de excesso de líquidos).
Para se evitar excessiva perda de sal e água. Informe o seu Médico de casos de vómitos e diarreia.
Contacte o seu Médico imediatamente no caso de suspeitar que o seu nível de lítio possa estar elevado.

Os efeitos colaterais do Lítio

Pode haver efeitos secundários devidos ao lítio? Como todos os medicamentos, o lítio pode causar efeitos secundários. É importante reconhecer estes efeitos secundários e saber como controlá-los. Alguns são incomodativos mas desaparecem com o tempo; outros são potencialmente sérios de tal modo que o Médico deverá ser devidamente consultado.
Que efeitos secundários podem ocorrer quando alguém está a começar a terapia de lítio? Durante o período inicial de ajustamento, o qual pode durar várias semanas, os efeitos secundários que podem aparecer incluem:

- Aumento da sede
- Aumento da excreção urinária
- Sensação de enjoo ou náusea
- Dores ligeiras do estômago
  1. Ligeiro tremor das mãos
  2. Sonolência ligeira
  3. Enfraquecimento muscular ligeiro
  4. Diminuição da capacidade ou interesse sexual
  5. Ligeira tontura
  6. Fezes moles (na realidade não diarreia)
  7. Aumento de peso
  8. Sabor metálico
  9. Boca seca
  10. Predisposição para acne ou psoríase

Apesar desta lista parecer grande, a maioria das pessoas experimentam poucos ou nenhuns destes efeitos secundários.
Felizmente estes efeitos secundários não são medicamentos perigosos. Eles reflectem a resposta inicial do organismo ao lítio e a maioria deles diminuem ou desaparecem em poucas semanas.
Alguns, no entanto, podem persistir em certas pessoas. Os que mais persistem são o aumento da excreção urinária ou o aumento de peso e um ligeiro tremor das mãos.
Informar o Médico sobre os efeitos colaterais é importante. Na parte das vezes só é preciso mencioná-los na consulta seguinte, que já estiver marcada. Contudo, se forem muito incómodos, origem de preocupações ou interferirem com as actividades diárias, não se deve hesitar em contactar imediatamente o Médico.
É conveniente ser prudente quando se trabalha com máquinas ou a conduzir carros, até ser bem conhecido o modo como o lítio altera o funcionamento da mente. Apesar de não ser vulgar, pode ocorrer no inicio da terapêutica sonolência ou tonturas. Tomar o lítio com os alimentos pode minimizar o mal-estar gástrico e outros efeitos secundários.

Há efeitos colaterais que possam não ocorrer imediatamente?

Alguns efeitos secundários do lítio podem surgir ou ser descobertos em qualquer altura durante o curso do tratamento. Incluem alterações de testes laboratoriais, do peso e das funções renais e da glândula tiroideia.
            Análises laboratoriais. O lítio pode causar ligeiras alterações em certos testes, tais como o electrocardiograma (ECG) ou a contagem dos glóbulos brancos. Estas alterações são efeitos colaterais que o doente nunca nota e habitualmente não têm importância médica.
            Aumento de peso. Muitos indivíduos podem notar um ligeiro aumento de peso quando tomam lítio, em especial no início do tratamento. Geralmente estabiliza ou regressa ao normal quando passa algum tempo. Contudo, em algumas pessoas, torna-se excessivo. Nesse caso o Médico deve ser contactado para consulta.
            Diurese excessiva. Muitos indivíduos notam um aumento de volume da urina durante a terapêutica pelo lítio, mas que não é motivo de preocupações. Se a diurese se torna excessiva e interfere com as actividades quotidianas e/ou com o sono, o Médico deve ser contactado no sentido de serem tomadas medidas correctivas.
            Lesão renal. O lítio, principalmente quando tomado por longos períodos e em doses altas, pode causar em pequeno número de pessoas lesões permanentes do tecido renal. Se bem que bastante raro, este risco obriga a testes periódicos da função renal como parte necessária da terapêutica pelo lítio.
            Alterações da tiróide. Num pequeno número de pessoas o lítio pode provocar aumento da glândula tiroideia e/ou provocar hipotiroidismo. Quando a glândula aumenta pode mostrar-se na parte anterior da frente do pescoço como tumefacção ou bócio. O hipofuncionamento da tiroideia pode estar associado com alguns ou todos os sintomas seguintes:
  1. sonolência
  2. aumento de peso
  3. fadiga
  4. alterações menstruais
  5. obstipação ( prisão de ventre )
  6. sensação de frio
  7. dor de cabeça
  8. dedos da mãos e dos pés frios
  9. dores musculares
  10. pele seca e inchada

Se bem que estes sintomas possam ter outras causas, o seu aparecimento durante o tratamento com o lítio deve alertar o Médico para a avaliação da função tiroideia. Se a tiróide aumentou de volume e /ou é hipoactiva é fácil tratar com medicação tiroideia suplementar e, assim, o tratamento pelo lítio não precisa de ser interrompido.

Há efeitos colaterais pelos quais o Médico deva ser contactado imediatamente?

Sim!

Intoxicação pelo lítio (toxicidade ou sobredosagem).
Um doente em tratamento com lítio deve parar de o tomar, suspender e contactar o Médico imediatamente, se surgirem alguns dos seguintes sintomas:
  1. Diarreia persistente
  2. Vómitos ou náuseas acentuadas
  3. Tremor grosseiro das mãos ou pernas
  4. Fasciculações musculares frequentes ( tais como espasmos/esticões dos braços e das pernas )
  5. Visão turva confusão
  6. Grande desconforto/mal-estar
  7. Fraqueza generalizada
  8. Marcadas tonturas/vertigens
  9. Fala indistinta/entaramelada
  10. Pulso irregular
  11. Edema dos pés e tornozelos
  12. Tudo o que faça a pessoa sentir-se muito doente ou apresentar um comportamento anormal.
Apesar de haver outras causas para os sintomas mencionados, todavia podem ser sinais de que o nível de lítio no sangue está perigosamente alto. A intoxicação pelo lítio é um problema grave e se não se reconhece/diagnostica e não se trata, pode ter graves consequências que podem ir até ao coma, lesão cerebral e mesmo morte. Por causa da gravidade potencial da intoxicação pelo lítio, o Médico deve ser avisado imediatamente se sintomas, como os mencionados atrás, ocorrerem. Se os doentes e os seus familiares estiverem a par destes sintomas e os reconhecerem logo, situações potencialmente graves podem ser resolvidas com segurança e rapidamente.

Alergia ao lítio.
Se numa pessoa a tomar o lítio aparece uma erupção cutânea ou comichão generalizada, pode isso ser sinal de reacção alérgica à preparação do lítio. Nem todas as reacções de pele indicam alergia, mas o Médico deve ser informado.

Gravidez.

Se uma mulher julga estar grávida, o Médico deve ser avisado imediatamente, pois o lítio pode ser prejudicial ao feto.

Como é que os efeitos colaterais devem ser tratados?

Se bem que a maior parte dos efeitos secundários diminuam ou desapareçam depois das primeiras semanas de tratamento com o lítio, alguns podem persistir. Aprender a viver e tolerar melhor os aborrecidos mas não perigosos efeitos colaterais, permite aos doentes continuar a beneficiar da terapêutica pelo lítio.

Aumento da sede e da diurese.
Habituar-se a beber vários copos de água extra, diariamente. Evitar bebidas de alto valor calórico, tais como sodas, bebidas efervescentes, para evitar o desnecessário aumento de peso. Se for preciso, dizer ao seu «chefe» que a medicação que toma o obriga a frequentes idas aos lavabos, mas que não interfere com a capacidade para executar o trabalho. Contactar o Médico se a sede ou a vontade de urinar é excessiva pois o ajustamento da dosagem ou tratamento com outros medicamentos pode ser necessário.

Tremor persistente das mãos.
Tomar o lítio com as refeições ou mais vezes em doses mais pequenas, pode ajudar. A cafeína pode agravar o tremor, assim devem evitar-se bebidas e medicamentos contendo cafeína (café, chá, cola). Se o tremor continua a ser um problema, o seu Médico pode querer ajustar a dose do lítio ou juntar outro medicamento.

Aumento excessivo de peso.
O controlo de peso enquanto mantém o tratamento com o lítio será o equilíbrio entre as calorias ingeridas e as calorias queimadas. Uma dieta equilibrada e o exercício regular são as chaves para o controlo do peso. Embora o lítio facilite o aumento de peso, não deixe que isso venha a ser uma desculpa para comer demais ou para a falta de exercício. Evite dietas drásticas ou restrições de fluidos, pois isso aumenta o risco de toxicidade pelo lítio.

Durante quanto tempo tenho de tomar o lítio?

A duração da terapêutica varia entre os diferentes indivíduos. É determinada pela frequência dos episódios de mania e depressão e pela maneira como o lítio se mostra eficaz e bem tolerado no indivíduo em questão. Enquanto algumas pessoas beneficiam de uma terapia de longa duração, para outros isso não é necessário. O curso do tratamento para cada pessoa deve ser estabelecido com o Médico.

O que devo fazer se sigo uma dieta especial?

Em geral, as dietas que não restringem muito o sal e a ingestão de líquidos não vão interferir com o tratamento com o lítio. Por exemplo, as dietas vegetarianas equilibradas são aceitáveis. Qualquer dieta para redução de peso deverá ser discutida com o Médico que prescreveu a medicação com o lítio, antes de tal dieta ter início.

Pode fazer-se exercício enquanto se segue a medicação pelo lítio?

Sem dúvida! O exercício é importante na saúde de todas as pessoas. Beber líquidos suficientes e ingerir uma quantidade normal de sal (nunca são necessários comprimidos de sal). É uma boa ideia calcular a hora da sua dose de lítio de modo a que não seja tomada imediatamente antes de um exercício mais violente. Moderação se for o seu hábito.

Pode beber-se álcool enquanto se toma o lítio?

É melhor perguntar ao Médico assistente para uma recomendação específica. A maior parte das pessoas pode consumir bebidas alcoólicas com moderação se estiverem habituadas.

É perigoso tomar outros medicamentos enquanto se toma o lítio?
A maior parte das medicações podem ser tomadas com o lítio. Algumas, no entanto, podem reagir com o lítio de tal modo que causam efeitos secundários graves. Antes de tomar qualquer medicação (prescrita ou não) pergunte ao seu Médico ou a um farmacêutico se pode haver reacções secundárias prejudiciais com o lítio.
Exemplos de algumas medicações que se sabe reagirem desfavoravelmente com o lítio, em alguns doentes: alguns medicamentos anti-inflamatórios não esteroides, vulgarmente usados para tratar dores, febre, artrites, como a indometacina (Indocid, Dolovin, Azadol), a fenilbutazona (Fenibutol, Basireuma), ibuprofeno (Brufen), piroxicam (Felden), naproxen (Naprosyn, Reuxen), ácido mefenámico (Ponstan), e outros; alguns diuréticos, que aumentam a produção de urina, medicações muitas vezes usadas para aliviar a retenção de fluidos ou tratar a hipertensão arterial (tensão arterial elevada) e que incluem a hidroclorotiazida (Dichlotride), clorotiazida, e outros; alguns inibidores de enzimas conversores da angiotensina – ECA – usados também para tratar a tensão arterial elevada, como o captopril (Capoten, Hipertil) enalapril (Renitec), lisinopril (Zestrul). Não é uma listagem exaustiva.
Exemplos de algumas medicações que não interferem na medicação pelo lítio, são: pílulas de controlo da gravidez, pastilhas para a tosse e medicações para resfriados, anti-gripais, antibióticos, laxativos, a aspirina e o paracetamol.

O lítio pode causar dependência?
Não!

O que acontece se adoecermos enquanto tomamos o lítio?
Como pode haver alterações no organismo que interferem com o lítio, as doenças, em especial aquelas em que houver febre, náuseas, vómitos ou diarreia, devem ser comunicadas ao seu Médico. Também alguns sintomas de doenças são idênticos aos sintomas da intoxicação pelo lítio, e assim, por uma questão de segurança, deve informar o seu Médico se adoecer.

E se necessitar de consultar outro Médico ou uma operação?
Quando falar com outros Médicos ou quando se sujeitar a qualquer procedimento médico ou cirúrgico, avise sempre as pessoas que estejam envolvidas que você toma o lítio. Isto poderá ajudar a assegurar que o lítio é controlado segura e efectivamente. Não pensar que tomando o lítio este é importante somente que o Médico que o prescreveu.

O lítio é o melhor tratamento para a doença Bipolar?
Para muita gente sim. O lítio parece ser mais específico para a doença Bipolar do que outras medicações disponíveis. No entanto, nem todas as pessoas podem tolerar o lítio e nem todas as pessoas são ajudadas pelo lítio. Há tratamentos alternativos para ajudar esses doentes. Apesar disso o lítio tem sido um benefício para muitos milhares de pessoas. Só você e o seu Médico podem determinar se lítio será a melhor escolha para si.

Posso tomar menos lítio e permanecer «levemente maníaco» (eufórico)?
Tomar o lítio em quantidades inferiores às prescritas não está provado que torne possível um estado «levemente maníaco» sem falta de controlo. Além disso, a maioria dos doentes uma vez que comecem a mostrar alguns sinais de mania, o risco de progressão para um episódio maníaco completo é grandemente aumentado. As consequências desagradáveis dos episódios maníacos não valem o risco da alteração do tratamento. Alterar a dosagem numa tentativa de conseguir um estado «levemente maníaco» (eufórico) faz correr o risco de perder a protecção pelo lítio em relação a episódios, quer maníacos quer depressivos.
E acerca de vitaminas e minerais?
Não há uma certeza de que as vitaminas ou suplementos minerais sejam muito úteis ao tratamento de doença Bipolar. No entanto, se uma pessoa resolver tomar vitaminas ou suplementos dietéticos não são de esperar reacções adversas com o lítio.
Pode alguém aprender tudo o que é importante acerca do lítio e da doença Bipolar?
Um pequeno livro deste tamanho não pode dar respostas a todas as questões que possam ser colocadas sobre o lítio. O material aqui incluído foi seleccionado porque os médicos e aqueles que tomam lítio pensaram que ele era especialmente importante.


http://www.adeb.pt/sobre_adeb/publicacoes/guias/texto/litio_doenca_bipolar.htm